20 fevereiro 2013

o País do livro

O Miguel Noronha, do Insurgente, que leio sempre com apreço, chama censores aos estudantes que receberam o ministro Miguel Relvas, numa conferência da TVI em Lisboa, com uma manifestação de alarvidade juvenil.
Num país católico, da religião do livro, o significado das palavras assume uma relevância especial. Os estudantes censuraram o ministro, mas não são aqueles "censores" do lápis azul de triste memória. A utilização retórica do termo censores pode estar canonicamente correcta, mas carece de sentido sociológico e político.
Se o ministro tivesse sido empalado, assado e comido, estilo Yanomami, o que teria dito o Miguel Noronha? ‹‹Quando os estudantes se transformam em assassinos››, presumo, embora em verdade vos diga que nenhum canibal se considera um assassino. Matam para comer.
Claro que os estudantes também não se consideram censores, e aos meus olhos não são. Revoltaram-se contra o status quo e têm todo o direito de o fazer.
Com os anos tenho-me tornado mais comedido no uso das palavras para evitar o sectarismo e a retórica barata.
Podíamos, por exemplo, chamar ladrões aos governantes que nos atascaram com um enorme aumento de impostos. Podíamos, mas não seria uma figura de estilo recomendável... a meu ver.

22 comentários:

marina disse...

já não são ladrões , Joaquim , passaram a assassinos : essas pessoas que depois de assediadas e torturadas pelas várias polícias da ditadura económica , a bem dizer não se suicidam , são assassinadas.
e os jovens que emigram não são bem emigrantes , são exilados políticos: o seu país foi tomado de assalto por vermes.

Cfe disse...

"chamar ladrões aos governantes que nos atascaram com um enorme aumento de impostos. Podíamos, mas não seria uma figura de estilo recomendável... a meu ver"

Então como os chamaria?

RioD'oiro disse...

Os censores eram mais honestos. Deixavam escrever ou falar e depois cortavam ou não.

Neste caso, a Brigada Goulags Vilas Morenas decapita previamente. É uma censura à hipótese de se falar.

Na URSS, quem usasse uma caneta para escrever algo que não agradasse às referidas brigadas era acusado de uso indevido de meios do estado porque a caneta era um meio pertencente ao estado entregue ao escrevente apenas para uso apropriado.

No caso de ontem, foi mais uma missão dos esbirros do PCPIDE. A PIDE fazia o mesmo, mandava lá uma brigada para dispersar o ajuntamento.

RioD'oiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricciardi disse...

Pois, quando os estudantes se revoltarem à séria, com ou sem razão, o governo cai.
.
Rb

zazie disse...

Mas revoltarem por que carga de água?

Alguém se revolta com alguma coisa que não seja o problema de estacionamento do carro na faculdade ou a treta da última marca da tablet e do Ipad.

Vão bugiar. Esses idiotas são os idiotas úteis de todos os tempos, com a diferença que hoje em dia nem se distinguem daqueles contra os quais se revoltam.

Porque, no máximo, gostavam era de estar no lugar deles.

zazie disse...

O que está em baixo copia o que está em cima e vice versa.

Aplica-se o discurso do filho-da-

O pequeno filho da puta
é sempre
um pequeno filho da puta;
mas não há filho da puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho da puta.
no entanto, há
filhos-da-puta que nascem
grandes e filhos da puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho da puta.
de resto,
os filhos da puta
não se medem aos
palmos,diz ainda
o pequeno filho da puta.
o pequeno
filho da puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno
filho da puta.
no entanto,
o pequeno filho da puta
tem orgulho
em ser
o pequeno filho da puta.
todos os grandes
filhos da puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno
filho da puta,
diz o pequeno filho da puta.puta do Alberto Pimenta que o retrato certo é esse.

zazie disse...

Coitado do Alberto Pimenta que ficou como pequeno filho-da-puta por causa do copy paste mal feito

ehehehehe

Anónimo disse...

Hola Zazie,
:-)

Ricciardi disse...

Revoltam-se porque está na natureza das coisas os jovens revoltarem-se.
.
Não interessa o mérito da revolta. O facto é que quando os estudantes se revoltam os governos caem.
.
Mas motivos de sobra não lhes faltam. Nem que seja uma revolta por falta de perspectivas.
.
Vai tudo a eito. Trigo limpo farinha amparo.
.
Se eu fosse estudante também estava lá. Nem que mais não seja para chamar nomes e beber umas cirbias e abraçar-me às raparigas na luta por qualquer coisa. Independentemente da coisa.
.
O que é mesmo inteligente é o governo não dar grandes motivos para que a onda de revolta se instale. Porque se instala numa universiadde, todas as outras serão solidarias com essa e a coisa transforma-se num país ingovernavel.
.
Então se mandarem policias para acertar nos estudantes, mais forte se torna o movimento.
.
Rb

Ricciardi disse...

E ainda bem que os estudantes são assim. Há demasiada falta de sangue nas guelras na sociedade portuguesa actual.
.
Rb

Vivendi disse...

Onde está o Relvas há circo.

Num país normal esse sujeito não poderia ser uma figura de estado.

Luís Lavoura disse...

um país católico, da religião do livro

Tal como o PA já aqui explicou, na religião católica o livro tem bem pouca importância. (E ainda bem, porque o livro tem lá escritas imensas barbaridades e calinadas.) Até é melhor que as pessoas não leiam o livro. (Não é por acaso que o analfabetismo em Portugal permaneceu altíssimo até muito recentemente.) Basta ouvirem as súmulas e extratos elaborados pelos padres.

Religiões dos livros são o judaismo, o islamismo e o protestantismo.

Ljubljana disse...

Caro Ricciardi:

Você revê-se no que esta menina estudante diz nesta reportagem aos 2 minutos?

http://sicnoticias.sapo.pt/programas/jornaldanoite/2013/02/19/edicao-de-19-02-2013-1-parte-1

Isto é típico de quem tem muitos, senão todos, os neurónios queimados por shots, nas muitas e variadas noitadas de estudo intensivo. Fico mesmo muito impressionado com o conteúdo ideológico desta menina. Se ela for representativa da instituição de ensino superior que frequenta, então a situação é mesmo assustadora.

Vivendi disse...

Ljublana,

O problema é esse. A maior parte das ideias dos jovens são tudo menos credíveis se bem que não são os principais responsáveis pela decomposição em que vivem. O melhor mesmo que tem a fazer é irem conhecerem o mundo para amadurecer.

zazie disse...

O Morgadinho da Cubata anda com acne hormonal


":OP

zazie disse...

Este Luís Lavoura é parvo ou anda a treinar para isso?

é que aqui não é casa do Bode Esperança e, felizmente, também não existem Palmiras analfabrutas a mijarem-nos-finados.

RioD'oiro disse...

Ricciardi:

"Revoltam-se porque está na natureza das coisas os jovens revoltarem-se."

E está na natureza das coisas desfenestrá-los quando a revolta deles atropelar a liberdade alheia.

Podem revoltar-se no WC. Aí, podem perfeitamente encenar cenas heróicas.

FMS disse...

Muito bem!!!!

Ricciardi disse...

Então tente-se desfenestra-los a ver o que acontece.
.
Eu não me revejo, nem deixo de me rever na estudante. O ponto não é esse. Independentemente dos motivos, o facto é que se os estudantes se passarem o governo cai.
.
A forma mais rápida para um governo cair é, digamos, não conseguir levar os estudantes pela berma... sem cair.
.
Por outro lado, com shots ou sem shots, são os únicos com sanguinho quente...
.
Rb

RioD'oiro disse...

Ricciardi,

" o facto é que se os estudantes se passarem o governo cai."

Também as assembleias de indignácaros, no Rossio e em S. Bento iam fazer o mesmo. Tretas.

Não há "os estudantes", há os que querem, com o ribombo da comunicação social, fazer crer que 'eles' são todos os estudantes.

Os que protestam que não arranjam (ou não lhes arranjam) trabalho, que montem a sua própria empresa e empreguem os tais da geração mais bem preparada. Vai ser um sucesso... :)

RioD'oiro disse...

Quem estuda no ISCTE tem neste momento, e vai ter durante uns anos, um problema de que ainda não se deu conta:

- O que? estudou entre aquele bando de arruaceiros? ... Não estamos interessados.

É bom que se ponham à defesa, se apercebam das reais consequências e façam notar, alto, bom som mas sem coros claque-de-futebol, que não estão na tulha dos indignácaros da Brigada Gulags Vilas Morenas.